6 de novembro de 2011

Solar Desierto - Olavo Bilac - Versión de L. Ramos G.

                             
Solitary House - Mondrian, Piet 1898 - 1900 Aguarela e guache  
Museu Municipal de Haia

SOLAR DESIERTO

Olavo Bilac (Versión de L. Ramos G.)

Vienes buscando amor, triste y cansada,
Amor que el fuego de otro amor procura,
A mis cariños a pedir ventura
Cual si pidieras a un solar posada.

Pobre viajera! – Por La noche obscura
Vas en vano; la puerta está cerrada
Y en torno a aquella casa abandonada
Reina el silencio de una sepultura.

Golpeas. Más nadie acudirá, por cierto,
A tu llamado. Inanimada e fría
Caerá la puerta del solar desierto.

Llegas tarde. Cerrada está la puerta
Y aquella alma que te recibiría
Ya no despertara porque está muerta.



A Música - Charles Baudelaire Em "as Flores do Mal" Tradução de Delfim Guimarães



Lamentos de Orfeu,Óleo sobre madeira,1896 - Alexandre Séon (1855-1917) - Museu de Orsay, Paris


A Música

Charles Baudelaire
Em "as Flores do Mal"
Tradução de Delfim Guimarães

A música p'ra mim tem seduções de oceano!
Quantas vezes procuro navegar,
Sobre um dorso brumoso, a vela a todo pano,
Minha pálida estrela a demandar!

O peito saliente, os pulmões distendidos
Como o rijo velame d'um navio,
Intento desvendar os reinos escondidos
Sob o manto da noite escuro e frio;

Sinto vibrar em mim todas as comoções
D'um navio que sulca o vasto mar;
Chuvas temporais, ciclones, convulsões

Conseguem a minha alma acalentar.
- Mas quando reina a paz, quando a bonança impera,
Que desespero horrivel me exaspera!


Soneto (Maciel Monteiro)

Tamara de Lempic - High Summer, 1928, oil on wood, private collection.



Soneto
Maciel Monteiro

Formosa qual pincel em tela fina
Debuxar jamais pôde ou nunca ousara;
Formosa qual jamais desabrochara
Em primavera a rosa purpurina;

Formosa qual se a própria mão divina
Lhe alinhara o contorno e a forma rara;
Formosa, qual no céu jamais brilhara
Astro gentil, estrela peregrina;

Formosa, qual se a natureza e a arte
Dando as mãos em seus dons, em seus lavores
Jamais pôde imitar no todo ou parte;

Mulher celeste, oh! anjo de primores!
Quem pode ver-te, sem querer amar-te?
Quem pode amar-te sem morrer de amores?